Neoliberalismo e sofrimento psíquico: o mal-estar nas universidades

Neoliberalismo e sofrimento psíquico: o mal-estar nas universidades, de Heribaldo Maia, busca revelar os sintomas, os limites e horrores do neoliberalismo. Resultado de uma articulação entre teoria social e psicanálise, o livro traça um diagnóstico do mal-estar contemporâneo relacionando a epidemia de depressivos, ansiosos e esgotados com o advento do mundo neoliberal. Para isso, parte dos debates que circundam a teoria do reconhecimento de Axel Honneth, seus interlocutores e críticos para pensar um sujeito que justifique uma articulação profunda entre constituição do eu, sofrimento e sociedade. Busca também desconstruir a ideia de que o sofrimento seja uma experiência ahistórica, por ser presente em toda vivência humana, fazendo, assim, uma história do sofrimento em debate com autores que fornecem um diagnóstico de nosso tempo presente como Dardot, Laval e Byung-Chul Han, traçando um caminho de continuidades e descontinuidades entre o mundo das neuroses e o nosso mundo das depressões, ansiedades e esgotamentos. Por fim, o livro trás um estudo de caso, um exemplo de como tal articulação funciona concretamente, o mal-estar nas universidades, mostrando como a colonização do espaço universitário pela lógica neoliberal provocou uma disparada dos números de sofrimento mental nos espaços acadêmicos.

O livro burca analisar como a depressão, ansiedade e esgotamento, longe de serem meras “doenças” mentais puramente biológicas ou que diz respeito apenas ao indivíduo, são, na verdade, sintomas que revelam os limites e problemas de certa forma de vida, o neoliberalismo. O autor recorre a autores como Karl Marx, Michel Foucault, Theodor Adorno, Maria Rita Kehl, Christian Dunker e outros para desenvolver como cada forma societária produz também seus quadros patológicos específicos, assim como cada quadro patológico é reflexo dos impasses que cada sociedade impõe a si mesma, demandando uma potencial superação.